Almir Ferreira Neto nasceu na cidade de Senhor do Bonfim (BA) e foi morar em Cachoeira, ainda garoto. É um dos seguidores dos irmãos escultores Louco (Boaventura da Silva Filho) e Maluco (Clóvis Cardoso da Silva), de quem era enteado. Na sua adolescência, preferia Cachoeira a Senhor do Bonfim porque era nesse ambiente que fazia escultura (FERREIRA NETO, 1976 apud COIMBRA et al., 2010, p.134-5). Foi apelidado e conhecido por Maluco Filho e assinava “Maluco” e suas iniciais “A.F.N.”
Utilizou madeira de diversas espécies como jaqueira, peroba-rosa, vinhático, mais comuns, e jacarandá; produziu numerosas peças recortadas, seja alto-relevo ou baixo-relevo. As figuras humanas que esculpiu podem ser identificadas pelo rosto alongado. Sabia tirar proveito das texturas em seus trabalhos, indo das escamas, presentes na obra do Louco, a estrias retas e curvas.
Como Maluco, fez figuras bíblicas. Esculpiu representações de Moisés, Cristo, apóstolos e consultava a Bíblia quando queria saber sobre algum personagem. (FERREIRA NETO, 1976 apud COIMBRA et al., 2010, p.134), o que confirma que tinha algum interesse pelas fontes textuais. Esculpiu também santos do catolicismo, além de orixás e batedores de atabaque.
Almir valorizava o aspecto lúdico da escultura, que também era considerada por ele como uma parte de seu corpo (FERREIRA NETO, 1976 citado por COIMBRA et al., 2010, p.134). Foi dela que tirou o seu sustento e foi estimulado por Aloísio Berto da Silva e esposa, donos do Bar Cabana do Pai Thomaz, na Praça 25 de Junho (Cachoeira), frequentado por artistas e turistas. Aí eram vendidas peças de cerâmica e de madeira, produzidas pelos escultores da família de Louco e Maluco. Nos anos 1980, Almir recebeu uma encomenda para executar a fachada do bar mencionado em relevo de madeira. Assim foi motivado pela orientação dos proprietários inspirados na versão da novela de rádio e de televisão A Cabana do Pai Thomaz, adaptada do livro Uncle Tom’s Cabin (1852), da autora norte-americana Harriet Beecher Stowe (SILVA, Luiz, 2012).
O frontispício da “Cabana da Praça 25 de Junho” (Cachoeira) mostra cenas sequenciadas dessa história que são: o cativeiro, a fuga, a liberdade e a diversão, o encontro com a religião através da palavra, e a salvação. É notória a introdução de figuras da cultura local, como: “irmã da Boa Morte” – símbolo de resistência da cultura de matriz africana imbricada ao catolicismo – e a figura do “preto velho”, que tanto é uma representação social quanto imagética do Recôncavo da Bahia, que deu lugar a personagens estereotipados do cinema e da televisão brasileiros.
Participou da Feira Hippie da Praça da República (São Paulo) nos anos 1970, expôs em coletiva no Teatro Castro Alves (Salvador) em 1975, e na I Bienal do Recôncavo (São Félix), mas há uma lacuna de informações sobre a sua participação em exposições. Trabalhou no Alecrim (distrito de Cachoeira), trabalhou no Ateliê de Doidão.
Maluco Filho faleceu em Feira de Santana em 2009 (ARAÚJO, José, 2013).
http://www.dicionario.belasartes.ufba.br/wp/verbete/almir-ferreira-neto-maluco-filho/
1975 – Salvador, BA – Exposição Coletiva, no Teatro Castro Alves.
1978 – Salvador, BA. Mostra de Arte Popular na Aliança Francesa da Bahia – 1 – Cachoeira – Bahia, na Aliança Francesa.
1991 – São Félix, BA – I Bienal do Recôncavo, na Fundação Dannemann.
2002 – Cachoeira, BA – Exposição Coletiva, na Câmara de Vereadores de Cachoeira.
2011 – Recife, PE – “Boaventuranças: Um elogio da loucura”, na galeria do Sesc Casa Amarela.
2012 – Cachoeira, BA – Artista Homenageado. Exposição Coletiva Escultores de Cachoeira, no Espaço Cultural Fundação Hansen Bahia.
http://www.dicionario.belasartes.ufba.br/wp/verbete/almir-ferreira-neto-maluco-filho/